quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Percy Jackson & Os Olimpianos – O Ladrão de Raios



Capas: Ladrão de Raios - Graphic Novel e Livro

Sinopse:


E se os deuses do Olimpo estivessem vivos em pleno século XXI? E se eles ainda se apaixonassem por mortais e tivessem filhos que pudessem se tornar heróis? Segundo a lenda Antiguidade, a maior parte deles, marcados pelo destino, dificilmente passa da adolescência. Poucos conseguem descobrir sua identidade.


Percy Jackson está para ser expulso do colégio interno... de novo. É a sexta vez que isso acontece. Aos doze anos, esta é apenas uma das ameaças que pairam sobre esse garoto, além dos efeitos do transtorno do déficit de atenção, da dislexia... e das criaturas fantásticas e deuses do Monte Olimpo, que, ultimamente, parecem estar saindo dos livros de mitologia grega do colégio para a realidade. E , ao que tudo indica, estão aborrecidos com ele.


Vários acidentes e revelações inexplicáveis afastam Percy de Nova York, sua cidade, e o lançam em um campo de treinamento muito especial, onde é orientado para enfrentar uma missão que envolve humanos diferentes - metade deuses, metade homens - além de seres mitológicos. O raio-mestre de Zeus fora roubado, e é Percy quem deve resgatá-lo.


Com a ajuda de novos amigos - um sátiro e uma filha de uma deusa - Percy tem dez dias para reaver o instrumento de Zeus, que representa a destruição original, e restabelecer a paz no Olimpo. Para conseguir isso, precisará fazer mais que capturar um ladrão. Terá de encarar o pai que o abandonou, resolver um enigma proposto pelo Oráculo e desvendar uma traição mais ameaçadora que a fúria dos deuses.



 
Coleção: Percy Jackson & Os Olimpianos

Eu li, se você não...

Teremos um especial do Ladrão de Raios, uma resenha dupla, falando do Livro e da Graphic Novel. E um extra com comentários sobre o filme também. Então vamos lá, se acomodem bem, porque teremos muito assunto pela frente.

 
Ψ  Livro

Autor: Rick Riordan
Editora:
Intrínseca
Edição: 2 ed.
Número de Páginas :
400
Ano:
2009
ISBN:
978-85-98078-39-7



Este é o primeiro volume da saga, Percy Jackson e Os Olimpianos, composto por um total de cinco livros que contam o surgimento de um novo herói da mitologia grega, porém essa história possui muitas peculiaridades. O autor Rick Riordan conseguiu criar algo completamente diferente do que estamos acostumados a ler sobre os deuses olimpianos e seus filhos semideuses.  Ele os trouxe para perto de nós, que somos meros mortais... aqui os deuses não existiram há milhões de anos atrás, eles existem nos dias de hoje e seus filhos estão entre nós.

O enredo gira em torno de Perseu Jackson, vulgo Percy, que é o narrador da história. Tudo o que vemos e sabemos é exatamente o que o personagem vê, ou melhor, o que ele acha que vê. Percy é um garoto de 12 anos que mora com a mãe e o padrasto em Nova Iorque, porém nem de perto sua vida se parece com um menino normal da sua idade. Problemas como dislexia, imperatividade e déficit de atenção são traços que não passam despercebidos a ninguém. Expulso de seis colégios internos, em um tempo recorde de seis anos, ele ainda não entende o porquê de absolutamente tudo ter que dar errado em sua vida. (Um tanto quanto típico, não?)
           - Este não é o lugar certo para você. Era apenas uma questão de tempo. 
Meus olhos ardiam. 
Ali estava meu professor favorito, na frente da classe, me dizendo que eu não era capaz. Depois de falar o ano todo que acreditava em mim, agora me dizia que eu estava predestinado a ser expulso.


Coleção: Percy Jackson & Os Olimpianos. - Os 5 volumes da história e o extra. 

Logo no início do livro as reviravoltas começam a acontecer e somos levados a ter uma nova visão do mundo. Percy descobre que deuses, monstros, heróis e aventuras não são apenas mitos daqueles contados em suas aulas de história e literatura. Um guardião, no caso o seu amigo Grove, que é um sátiro, leva Percy para acampamento onde há apenas crianças como ele. O acampamento meio-sangue é onde todos os filhos dos deuses são levados para conseguir sobreviver, é nele que nosso futuro herói encontra seus melhores amigos e inimigos.

Após termos sido introduzidos a um novo universo, vamos à trama do livro, onde Zeus tem o seu raio-mestre roubado e o mais novo meio-sangue é acusado de ser o ladrão do raio todo poderoso (sempre sobra pro calouro!). Devido à acusação e para não ser morto, Percy recebe a missão de devolver o artefato desaparecido, mas como nada é tão ruim que não possa piorar, existe um prazo para entrega e uma profecia que não é nem um pouco animadora.
Você irá para o oeste, e irá enfrentar o deus que se tornou desleal. 
Você irá encontrar aquilo que foi roubado, e o verá devolvido em segurança. 
Você será traído por aquele que chama de amigo. 
E, no fim, irá fracassar em salvar aquilo que mais importa.



Tendo como objetivo salvar o planeta de uma Terceira Guerra Mundial, em outros termos, apaziguar uma briguinha entre os deuses olimpianos, Percy deixa o acampamento para cumprir sua missão, mas não sozinho. Grove que é um sátiro em busca de redenção, guardião e amigo do meio-sangue o acompanha nessa jornada. Annabeth Chase, filha de Atena, encontra a oportunidade tão esperada de deixar o acampamento pela primeira vez em cinco anos. Assim o trio se forma e a busca se inicia.

O ritmo da história se torna frenético no momento que os personagens colocam os pés fora do acampamento. Deparamo-nos com monstros diversos, desafios impossíveis e deuses enfurecidos, não havendo pausa para respirar. Além disso, nem tudo que parece ser realimente é o que pensamos. E a jornada se desenrola em novos mistérios, sempre que pensamos encontrar respostas, surgem novas perguntas... perguntas e mais perguntas. Quando percebemos o livro já está no fim e acabamos ansiosos pela continuação (para terem uma ideia, terminei a saga em uma semana), onde um novo mistério surge e abala mais uma vez o mundo que Percy lutou para preservar.  


Capa da Graphic Novel


Ψ Graphic Novel

Autor: Rick Riordan
Direção: Robert Venditti
Arte: Attila Futaki
Cores: José Villarrubia
Editora:
Intrínseca
Número de Páginas :
128 
Ano:
2011



A adaptação do livro para a Graphic Novel foi uma surpresa, muito boa por sinal. A HQ conta com a direção de Robert Venditti, arte de Attila Futaki e é colorido por José Villarrubia. O número de páginas é obviamente reduzido, pois muitos fatos não precisam ser narrados, as imagens transmitem ao leitor a ideia dos cenários, mostram os objetos e características dos personagens. Porém existem trechos da narrativa que foram cortados, afinal é uma adaptação, algumas coisas precisam se adequar. Esses trechos não mudam muita coisa no curso da história, por isso o enredo continua o mesmo, sem grandes alterações no seu desenvolvimento (o que não acontece no filme).

Quando lemos um livro, a nossa imaginação é encarregada de criar o mundo que as palavras descrevem, por isso nunca um leitor verá o mesmo universo que o outro, e pra mim isso faz parte da magia dos livros. Os quadrinhos são diferentes, todos vemos a mesma coisa, e para você que já leu o livro (ou viu o filme) pode estranhar algumas coisas, pois sua ideia não corresponderá exatamente à mesma do desenhista. Quer um exemplo: Imagine a Annabeth, uma garota de doze anos, bonita, loira e de olhos cinza. Certeza que ninguém imaginou a mesma coisa.
Annabeth, Grove e Percy Jackson


A batalha contra o Minotauro

Percy Jackson e o Oráculo de Delfos
A Profecia.
Percy Jackson no Rio Mississipi


Para os fãs de Percy Jackson, vale a pena conferir a Graphic Novel. Uma nova visão da história, que permaneceu bastante fiel ao livro. Sobre a versão do filme, confesso que não me agradou, mas é impossível agradar a gregos e troianos, certo? O filme de certo modo cumpre seu papel, de atrair novos fãs para a saga, mas o enredo é quase que completamente diferente. A ideia central é a mesma, um meio-sangue e seus amigos que tentam salvar o mundo da fúria dos deuses, mas fora isso... a trama percorre um caminho que lembra de longe (mas muito de longe mesmo) o que foi narrado no livro.  Mas! Admito que conheci a Percy Jackson por intermetido do filme, por isso não há como negar que existe um lado positivo.

No fim das contas, o livro vale ou não vale a pena ler? Sim, claro que vale! Só precisamos lembrar que este livro é infanto-juvenil, ou seja, não adianta vê-lo com uma cabeça de 30 anos se ele foi feito para idades entre 14/18 anos.

Boa leitura!







terça-feira, 15 de outubro de 2013

The Innocent


Angel e Ash

Sinopse:

O detetive Ash é falsamente acusado de um crime e acaba sentenciado à morte. Uma vez morto, o detetive é recepcionado no Céu por Angel, um anjo que o auxiliará em sua nova existência. Para purificar sua alma, Ash deve servir aos seres humanos e ajudar a salvar outras pessoas, também falsamente condenadas.

Mas nem tudo é tão simples; o novo “servente” deve respeitar as regras do que o Comitê considera justo. Poderá Ash salvar sua alma e ao mesmo tempo levar vingança àqueles que lhe traíram?


História: Avi Arad
Roteiro: Junichi Fujisaku
Arte: Yasung Ko
Editora: JBC


Capa.

Verso.

Pitacos da Gibiteria:

The Innocent é um mangá de volume único, publicado pela editora JBC.

Depois de tantos anos sem ler mangá, resolvi retornar ao meu velho ou/e antigo hábito de adolescência após ler a hq Estranhos no Paraíso. Hq que gostaria muito de resenhar se a mesma não tivesse um histórico de publicação tão confusa aqui no Brasil.

O fato é que enquanto estive lendo a hq, tive a sensação de que estava lendo um mangá quando adolescente, onde me divertia horrores. Acredito que talvez tenha sido isso que me fez “voltar as origens”, por assim dizer.

Agora, deixando o papo de lado, vamos enfim a resenha deste mangá. A história se inicia com Ash, um detetive e também protagonista, sendo condenado a morte de forma injusta por um crime que não cometeu.

Porém ao morrer Ash se encontra com um anjo onde lhe impõe a seguinte condição: para salvar sua alma, ele deverá salvar um inocente que se encontra na mesma situação, ou seja, esteja condenado a morte.





Mas se fosse fácil não teria graça. Ash precisa respeitar as regras divinas e exercer apenas o bem com o poder que possui. No entanto isso se torna algo bastante difícil para uma pessoa que se encontra com sede de vingança por todos aqueles que lhe traíram.

O mangá é rápido, direto e curto. Ao meu ver, curto até demais e justamente por isso que a história chega ao fim deixando de explicar várias coisas que se seguiram ao “longo” da história. Afinal de contas, o que havia de tão misterioso e estranho no Wal? Um personagem que poderia ter sido melhor desenvolvido, se não fosse a rapidez dos acontecimentos. E a aparição sem nenhuma explicação da Holly White?


Personagem Wal.


O roteiro poderia ter sido trabalhado se a história fosse estendida para um segundo ou terceiro volume. A ideia central é muito boa, o protagonista tem uma personalidade bem interessante, fugindo do contesto do bom moço e fazendo mais a linha do anti-herói sendo altamente cínico e egoísta.







Para quem busca romance, não indicaria este mangá. Não há nenhuma formação de casal. Temos algumas cenas de violência apesar da maioria ficar subentendido.

Se você busca por uma leitura rápida, é uma boa indicação mas a história em si, deixa a desejar pela correria.


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

"Blecaute" de Marcelo Rubens Paiva



Capa do livro



Sinopse:


A apresentação do livro pelo autor: Este livro é inspirado no seriado americano Twilight Zone, conhecido no Brasil por Além da Imaginação. Mas também é fruto de um sonho de criança, desses que todo mundo já teve. Afinal, nada melhor do que ir além da imaginação.

Três amigos - os inseparáveis Rindu e Mário, mais a estudante de Letras, Martina - saem em uma expedição às cavernas do Vale do Ribeira. A aventura desanda em desastre. Após um cochilo num dos salões da Gruta da Rainha, os exploradores se vêem presos na caverna. Um dos riachos internos enche e bloqueia a saída. Sem saber o que fazer, Rindu, Mário e Martina aguardam as águas baixarem. Três ou quatro dias depois, eles conseguem emergir da caverna para fazer uma absurda constatação: todas as pessoas à sua volta viraram "duros", paralisados como estátuas de cera ou bonecos de plástico. Um estranho fenômeno ocorreu e os três se tornam os únicos habitantes vivos do planeta.

O que dizer...? Uma história irretocável, que flui belamente entre memórias de tempos diferentes, evocadas por Rindu, o narrador. Talvez, uma das melhores e mais cativantes personagens em todo o universo marcelorubenspaiviano, com sua insaciável sede de compreensão - entender as coisas, as pessoas, o mundo, e principalmente a si mesmo.



Título: Blecaute

Número de Páginas: 216

Autor: Marcelo Rubens Paiva
Editora Brasiliense



Autor da obra



Lendo nas entrelinhas:

Hoje eu trago para a coluna a resenha de um excelente livro de autoria brasileira, escrito pelo paulista Marcelo Rubens Paiva. O enredo segue a linha de ficção científica do seriado Além da Imaginação, alguém se lembra desse programa? Onde tudo pode acontecer! (rs) Pois bem, a história de "Blecaute" te envolve em um mundo escatológico e totalmente silencioso. Tem muito suspense, daqueles que te deixa louco pra terminar a página e saber logo o que vai ocorrer com o personagem. Também possui uma pitada de romance e comédia. 


"Entramos na gruta e... foi um desastre. Nunca poderíamos prever. Enquanto cochilávamos num grande salão, o riacho que corria por dentro da caverna subiu, deixando a saída coberta pela água. Ficamos presos, sem saber o que fazer. Folheamos os manuais, mas não diziam nada que nos ajudasse. Provavelmente tinha havido uma grande cheia no rio Ribeira. Pensávamos em retornar por baixo da água, mas não sabíamos a extensão da abertura. Esperamos, esperamos. Como esperamos..." (p.4).


Tudo começa quando Rindu (o narrador) participa de uma palestra sobre Espeleologia, ciência que estuda as cavernas. Embora o orador fosse italiano e Rindu não estivesse entendendo quase nada do que ele estava falando, o rapaz se apaixonou pelo assunto. Então, Rindu afixou cartazes pelo restaurante universitário em busca de companheiros para sua nova aventura. Ele recebeu a adesão de Mário (seu melhor amigo), Clérico (estudante de física) e Martina (estudante de lestras que também se envolvera pelo tema durante a palestra), assim, num feriado prolongado, o grupo resolve se aventurar pelas cavernas da região do Vale do Ribeiro, em São Paulo. Já na entrada da Gruta da Rainha, eles tiveram a primeira briga. Clérico estava com medo e, entre outras bobagens, disse que não entraria na caverna. Embora, relutantes em deixá-lo abandonado, o rapaz foi expulso pelo grupo e teve de voltar sozinho para casa. Os três entraram na gruta, passaram horas maravilhados com um grande salão e acabaram cochilando ali mesmo. Assim, o desastre aconteceu... o riacho que corria por dentro da caverna subiu, deixando a saída coberta pela água.


"Economizamos luz e comida. Martina chorou. Eu rezei. Mário dormiu. Tentávamos contar piadas, histórias, qualquer coisa para passar o tempo. Nada. Eu dormi. Martina chorou. Mário riu. Nos odiamos. Nos xingamos. Não nos falamos. E esperamos, esperamos... Finalmente, depois de uns três ou quatro dias (numa caverna perde-se a noção do tempo), o riacho baixou, descobrindo a saída. Saímos. Morcegos pendurados na entrada da gruta gargalharam da nossa incompetência. Acho que foi o dia mais idiota da minha vida." (p.4).


O que acontece a seguir é realmente além da imaginação, pois, ao saírem daquela caverna, Rindu, Mário e Martina não imaginavam que o mundo todo havia se transformado drasticamente. A primeira coisa que eles notaram foram as fileiras de carros parados nas ruas, bloqueando a pista, e os motoristas nem se preocupavam com isso. "Poderia ser alguma forma de protesto?", eles pensaram. Não, não era. Exceto pelos animais que se moviam para um lado e outro, todos estavam de alguma forma paralisados. De fato, todas as pessoas não estavam apenas "paradas", elas também estavam "duras". Nem quente, nem frio. Corpos de borracha. Aquilo que era coisa estranha.


"No acostamento, havia um policial caído, com uma lanterna na mão. Duro, como todos os outros. O braço esticado, apontando a lanterna para o céu. Sua expressão era serena, normal. Tudo ao redor parecia normal. Exceto pelo corpo petrificado. Entramos na cabine. Devagar, olhando para todo lado. Havia outro policial, sentado em frente de um aparelho de rádio, com o microfone na mão. Ironicamente, ele parecia rir. Um guarda rodoviário, duro, rindo, com um microfone na mão. O que era aquilo? O que aconteceu? Inacreditável. O rádio chiava. Girei o sintetizador. Em todas as frequências, chiado, nada, ninguém." (p.6).


Você já pensou em como seria ter a cidade inteira só para você? E o mundo? É o que acontece com os três personagens. Rindu, Mário e Martina descobrem que são as únicas pessoas vivas, ou ao menos ativas e conscientes, vivendo na Terra. Agora, um planeta totalmente silencioso e quieto. Sem nenhum barulho de carro, buzina ou fumaça de caminhão, nem mesmo um som de crianças gritando ou adultos conversando ao celular pelas ruas. Nada. O contrário absoluto do agito e da movimentação em que eles estavam acostumados a viver na metrópole paulista. 


"Voltei a pensar na possibilidade de estar morto. Antes de virar pó, percorria espaços guardados na memória. A cidade. Os animais. Não. Não era possível. Eu nunca tinha ido ao Aeroporto de Cumbica. Eu o via claramente, não poderia estar imaginando, muito menos estar morto. Não. Ter entrado numa outra dimensão do tempo também não era possível. Os animais se mexiam normalmente. Se por acaso eles estivessem também paralisados, seria uma hipótese forte: o meu tempo, o de Mário e o de Martina estaria 
superacelerado, dando a impressão de tudo parado. Mas não. Os animais, a poeira, os relógios, contestavam esta teoria. Então, que merda estava acontecendo?!" (p.26).

Os três permanecem juntos no início. Havia esperança de que as coisas voltassem ao normal em algum momento. Permaneceram na casa de Rindu em Pinheiros. O convívio estava sendo normal. Martina permanecia com sua rotina de estudante, sempre lendo algum livro importante. Rindu e Mário exploravam a cidade de vez em quando atrás de algo. Como se fossem encontrar a solução daquele problema ou se em um passe de mágica tudo fosse voltar ao normal. Ou quem sabe aquilo era um sonho esquisito? Mas nada mudava. As pessoas continuam paralisadas, algumas ainda de pé, outras sentadas, ou em carros, ou deitadas em suas camas, como se estivessem adormecidas. Mas não estavam. Estavam? Bom, de certo eles não sabiam o que realmente havia acontecido no mundo, nem com aquelas pessoas. 


"Observei a imensidão da cidade. O que seria feito daquilo tudo...? Não era possível que depois de uma história cheia de guerras, pestes, invenções, a raça humana terminasse num abandono completo. Era ridículo. Esperei. Nada." (p.26).

Em meio a este mundo paralisado e quieto, Rindu se lembra de sua infância, adolescência e vida adulta, narrando suas aventuras e festas ao lado de seu melhor amigo, Mário, e suas namoradas, seu trabalho, sua família, principalmente, o convívio com o seu pai. No silêncio do mundo, Rindu consegue refletir sobre a sua própria vida passada e se existiria um sentido no futuro.


"Olhava ao redor e percebia que era dono de todas as coisas, mas me sentia distante e com medo, absorvido por pensamentos embaralhados. Nada fazia sentido. Aquela cidade cheia de coisas estava me dando um tremendo vazio. Onde estava o nosso universo em expansão? Maldito universo! Acelerei até o limite da velocidade do carro, deixando o volante tremer na minha mão. Os pneus espalhavam a água que a chuva deixara sobre o asfalto. Acendi um baseado. Merda de vida!" (p.33).


A primeira vez que li "Blecaute" eu tinha quatorze anos de idade e estava lendo para apresentar-lo em sala de aula; quase dez anos se passaram e agora, quando eu fui reler as palavras do autor senti o mesmo desconforto sobre a vida agitada em uma metrópole. O destaque desta obra vai exatamente para essa reflexão, o autor nos leva a pensar sobre o mundo moderno e agitado ao longo do desenvolvimento da narrativa (mostrando que muitas vezes o tempo - rigidamente cronometrado pelo relógio - é mais importante no cotidiano das pessoas do que memórias e sentimentos) e o crescimento dos personagens (apresentando as facetas da humanidade). De fato, este é um dos meus livros favoritos, espero que vocês também gostem.


"Não fico mais aflito por saber que nada sei. O que é? De quê? De onde veio? Para onde? São perguntas cujas respostas não me interessam. O tempo não precisa ser medido; essa frase tem ficado muito tempo na minha cabeça. Não existe diferença entre verdade e mentira, nem a possibilidade de encontrar o bem e o mal; não sei por que catso comecei a pensar nisso. Não fico alegre, nem triste. Há muito não dou uma risada, nem choro. As palavras não significam nada. Meu corpo se curvou para a frente, cansado, desiludido. Não consigo entender o sentido da minha vida. Não consigo entender nada. E isso não me comove mais. Os homens fizeram a sua própria história, mas não imaginaram onde iriam desembocar." 


sábado, 5 de outubro de 2013

Quarteto Fantástico 1234


Capa da Hq

Sinopse: Reed Richards, Sue Richards, Benjamin Grimm, Johnny Storm. Eles se lançaram ao espaço exterior a bordo de uma nave experimental, os primeiros seres humanos a tentarem uma viagem interestelar. Porém, um encontro caprichoso com a radiação cósmica alterou suas vidas para sempre, concedendo a cada um deles habilidades espetaculares! Agora, a Família Fundamental da Marvel encontra-se com seus integrantes separados-seus poderes extraordinários chegaram ao limite absoluto, testados ao longo do tempo, a ponto de uma ruptura. Cada capítulo desta coleção quintessencial aborda um integrante do quarteto cósmico, enquanto os maiores adversários da equipe orquestram um ataque total ao Quarteto Fantástico! E ainda: na única outra história do selo Marvel Knights por Grant Morrison, o superespião Nick Fury é marcado para morrer! 


Roteiro:  Grant Morrison
Arte: Jae Lee
Número de páginas: 124 páginas
Editora: Marvel- Panini books


Verso da hq


Pitacos da Gibiteria:

Desta vez resolvi me arriscar resenhar heróis da Marvel onde tenho pouca “intimidade”. O que sei sobre o quarteto fantástico é o básico. Não tenho nada contra ou algum motivo para desgostar apenas nunca tive grandes oportunidades de ler. E assim se seguiu ate o dia em que eu resolvi me aventurar nesta hq (porque não, não é mesmo?).

A história se passa pouco tempo após a exposição à radiação cósmica. Temos uma hq dividida em 4 partes onde cada uma aborda especificamente um integrante do quarteto. Começamos o enredo com o Benjamin Grimm, vulgo o “Coisa”, tentando se socializar com a vizinhança da Rua Yancy, Sue e Johnny, Mulher Invisível e o Tocha Humana, se implicando enquanto o Richards, Sr. Fantástico, se mantém isolado em seu laboratório.

Nesse período de tempo, observamos a fragilidade dos personagens e justamente, na tentativa de se aproveitar deste momento, ressurge o maior inimigo do quarteto fantástico, o Dr. Destino.

O Dr. Destino aos poucos desestabiliza um por um. O Coisa, transtornado e depressivo, sofrendo os dilemas com a sua transformação e não aceitação do que ele é agora, acaba aceitando a oferta que o vilão havia proposto: voltar no passado e se tornar novamente o Ben em sua forma humana, alterando a sua realidade.


- Richards me tornou um pária internacional. E você, um monstro. ... ele se casou com a sua pretendida apenas para ignorá-la. Richards diz não haver cura para o envenenamento radioativo que roubou a sua humanidade, mas em cinco minutos, sou capaz de reverter o seu quadro, Benjamin. Você voltará a ser o homem que conheci na universidade estadual. 

Cuméquié, Vic?


Segue para a segunda e terceira parte da história, os conflitos sentimentais da Sue onde, ao desabafar com a Alícia, revela sua tara pelo Príncipe Submarino Namor e sua crise no casamento. Paralelamente, temos o Tocha humana extremamente entediado agindo de forma irresponsável e demonstrando um comportamento adolescente (como sempre).

Sue e Namor.

Diálogo entre o Coisa e o Dr. Destino.

Tocha humana e Namor.

Por fim, antes que o vilão pudesse concretizar seus planos malévolos, Sr. Fantástico tem um lapso de clareza e mesmo inconsciente também consegue manipular a realidade do grupo.

“ Eu... comecei a ter esses sentimentos ontem. A sensação de estar sendo observado...manipulado! Bem, o que acontece quando se está preso em um jogo? Quando só o diabo conhece as regras e a única coisa que podemos fazer é improvisar até tudo acabar de repente? “Até onde alguém iria para nos prender e ferir? E se houvesse uma máquina capaz de mover pessoas sobre um tabuleiro tão grande quando a vida real? Eu... eu agora me lembro! Havia uma única maneira de verificar minhas suspeitas crescentes... e então, fiz o que sempre costumo fazer...” – Sr. Fantástico.


Sr. Fantástico.

A história é curta, porém confusa. Em determinados momentos da leitura, o leitor fica sem entender o que esta acontecendo (pelo menos comigo foi assim) ou se perguntando se o que esta acontecendo é o que ele esta pensando. Os sentimentos de cada personagem foi muito bem explorados, principalmente o Coisa e a Sue, apesar de achar a participação do Tocha Humana fraca neste quesito. Tudo começa a se confundir quando nos deparamos com os planos e ações do Dr. Destino.

Muitos consideram o roteiro “fraquinho”, mas como havia dito logo no início desta resenha, pouco sei e pouco li sobre o quarteto fantástico então não tenho muito senso crítico para dar meus pitacos. Fica apenas a sugestão de leitura. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Superman - Terra Um - Por J. Michael Straczynski


Legenda: O Homem de Aço para uma nova geração. Você apenas acha que conhece a história...
 

Sinopse:

Clark Kent é diferente. Ele pode voar, ver através das paredes e incinerar objetos com seu olhar. Ele é um deus entre mortais. Mas está sozinho e sem um propósito.

Como a maioria dos jovens de vinte e poucos anos, não sabe o que quer da vida. Pode escolher trabalhar com qualquer coisa: esporte, ciência, finanças ou dentro da mídia. O céu é o limite... se ele esconder seu poder e sua verdadeira identidade do resto do mundo.

Mas quando naves de outros planetas escurecem nosso céu e ameaçam nossa existência na Terra, Clark precisará tomar a decisão mais importante de sua vida: revelar-se ao mundo, sacrificando sua chance de ter uma vida normal... ou deixar todo o planeta a sua volta morrer.


Título: Superman – Terra Um
Roteiro: J. Michael Straczynski
Arte: Shane Davis
Autores Originais: Jerry Siegel e Joe Shuster
Editora: DC Comics – Panini Books





Eu li, se você não...

O Superman é um personagem de HQ mundialmente famoso, ouso até mesmo dizer que o mais conhecido de todos, afinal ele extrapola as esferas dos quadrinhos... Já foram feitos inúmeros filmes, seriados e tirinhas, atingindo um público que vai muito além dos fãs de HQs. Tornou-se um ícone de referencia em diversos sentidos, mas agora resta saber como J. Michael Straczynski e Shane Davis fizeram para reinventar uma história já contada tantas e tantas vezes.


O Homem de Aço já tem pouco mais de seis décadas de história e durante este período o personagem precisou acompanhou a evolução do mundo fora dos quadrinhos. É preciso repaginar os personagens para que estes não fiquem presos ao passado, afinal o que era novo um ano atrás, hoje é ultrapassado.

A tecnologia avança e o que antes era algo futurista se torna comum, a ficção cientifica vira realidade e a moda é diferente a cada estação. (Alguém, por favor, avisa ao Superman que nunca foi moda usar a cueca por cima da calça!) O que resta no final dessas mudanças são os pilares sobre os quais o personagem foi construído, a essência, a índole ou a alma... chame como quiser.

Se eu me expuser ao mundo, se mostrar o que posso fazer... estarei sempre fugindo. Nunca estarei no meio. Estarei sempre de fora, observando. Estarei sozinho. Pior ainda, eu terei escolhido ficar sozinho. Eu não poderia fazer essa escolha antes, mas posso agora. E escolho ser feliz... Ter uma vida, e não era isso que você dizia querer pra mim? Que eu fosse feliz? Só não queria que você achasse que esqueci tudo que me ensinou. Ainda há muito que posso fazer. (...) Dar a mão ao homem comum quando o mundo quiser esmaga-lo. Essas coisas significam agora tanto quanto significavam antes... não vou te decepcionar. Eu juro.
Clark Kent. (pág. 41)

Em Superman – Terra Um, iremos encontrar o Clark Kent de vinte e poucos anos, que saiu de uma cidade pequena para Metrópolis, um jovem como todos os outros que tenta descobrir seu lugar no mundo... o problema é que o mundo dele não é este! Kal-El, nome que os pais biológicos deram ao seu bebê antes envia-lo para Terra, é o único sobrevivente de Krypton... o fim da linha para a raça de um planeta extinto. 

– Ele estará sozinho. Será parecido, mas nunca um deles. 
– Eu sei, Lara. Mas ele será forte. Praticamente indestrutível. E o mais importante... quando já estivermos mortos há muito tempo, ele estará vivo.
 Diálogo Lara e  Jor-El  (pág. 61)
 

Apesar da aparência humana, o Clark é um alienígena, superpoderoso e de inteligência muito mais avançada. E aqui está um dos pontos louváveis explorado nessa HQ, o Superman não é apenas um homem com super-força, seu intelecto está além da compreensão, o personagem também possui uma super-inteligência. Fato que foi esquecido por muitos autores e leitores, porém ressurge nesta nova versão.

Mas quem era Clark Kent antes de se tornar o Superman? Qual era seu objetivo de vida? Este é outro lado mostrado, que particularmente, sempre quis conhecer e vi como ponto positivo no enredo. Por que um jovem com tanto potencial e habilidade nunca usou seus talentos também em benefícios próprios? E não se trata de egoísmo... ninguém chama de egoísta um gênio que tem conhecimento pra salvar milhões, ajudar os outros e ser reconhecido por isso.

Agora temos a chance de ler sobre o mundo de possibilidades profissionais que Clark sentiu o gostinho antes de escolher qual carreira seguir. E o motivo pelo qual optou ser jornalista.

 - Quando você cria um filho grande e forte e ele diz ‘Isso é o que eu queria te dar’... Bem, é legal, mas o que eu quero mesmo ouvir é ‘Isso é o que eu quero pra mim. Viver a vida e sonhar os sonhos que sempre quis.’ 
- Mas isso não é ser egoísta? 
- Não, Clark. Isso não é egoísmo. É assim que se constrói o futuro.
Diálogo Clark e Marth Kent ( pág. 21) 



 
E os acertos do autor J. Michael Straczynski não pararam nos parágrafos ali de cima, outro ponto que merece destaque foi o tratamento que os coadjuvantes receberam na história. E o jornal Planeta Diário que não foi tratado meramente como o local de trabalho do Superman quando este não está salvando o mundo. O trio composto por Lois Lane, Jimmy Olsen e Perry White tiveram seus traços de personalidades muito bem definidos, cada qual com suas características únicas.

Nas páginas onde ocorrem diálogos entre os jornalistas, Clark chega a passar despercebido, se tornando figurante neste cenário. A profissão é retratada de forma a ser levada muito a sério, o que eleva o nível de realismo.

E assim se encerra o primeiro capítulo da história... a partir  daqui os acertos desaparecem e que deveria ser o clímax de tudo, se torna o erro da história. Um novo vilão é apresentado ao leitor, porém este não é o problema, afinal se trata de ume reformulação da história. Novos personagens podem, e devem ser inseridos, mas somos apresentados a um inimigo tão fraquinho (não de força, claro). Falta empatia, as características são um tanto quanto genéricas e isso abate o enredo. O que deveria ser o grande auge, a primeira aparição do Superman ao mundo, foi ofuscada pela falta de brilhantismo do vilão.

- Então por que você não fugiu? 
- Sou um fotojornalista. Nós não viramos as costas. Nós não fugimos de uma foto.   
- Você e sua laia ficariam e morreriam por uma fotografia? 
- Não... ficaríamos e morreríamos pela verdade. Porque é a única coisa pela qual vale a pena morrer.
Diálogo Jim e Tyrell (pág. 75) 



Houve acertos significativos em Superman – Terra Um, porém tivemos também um grande erro na escolha do vilão. Os novos leitores poderão discordar de mim, afinal o objetivo maior dessa HQ é aumentar o público e é preciso mirar em outras direções quando se quer alcançar algo novo.

Então é preciso que leia para formar sua própria opinião a respeito deste novo caminho que a história do Superman segue a partir de agora. Obviamente há uma continuação dessa trama, que já foi lançado nos EUA, mas como estamos no Brasil... se tivermos sorte, segundo o site¹ da Panini será lançado em 2014 por aqui.

Alguns meses atrás foi lançado o filme Homem de Aço nos cinemas e existe grande similaridades entre esta HQ e o que foi apresentado nas telonas. Leia, assista e compare.


Notas:

1 – Site da Panini: http://hotsitepanini.com.br/dc/publicacao/superman-terra-um/

2 – Filme: http://www.youtube.com/watch?v=NlOF03DUoWc