quinta-feira, 19 de setembro de 2013

"Quem é você, Alasca?" - por John Green



Sinopse:

Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras — e está cansado de sua vidinha segura e sem graça em casa. Vai para uma nova escola à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o “Grande Talvez”. Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young. Inteligente, engraçada, problemática e extremamente sensual, Alasca levará Miles para o seu labirinto e o catapultará em direção ao Grande Talvez. "Quem é você, Alasca?" narra de forma brilhante o impacto indelével que uma vida pode ter sobre outra. Este livro incrível marca a chegada de John Green como uma voz importante na ficção contemporânea.

Título: Quem é Você, Alasca?
Título Original: Looking for Alaska
ISBN: 978-85-7827-342-2
Páginas: 229
Autor: John Green
Editora: Martins Fontes





Eu li, se você não... – desta vez direi no começo – Leia!


Quando criamos grandes expectativas, geramos juntamente uma possibilidade de decepção esmagadora. Mergulhamos de cabeça na certeza que encontraremos algo grandioso e profundo, mas algumas vezes batemos de cara em uma pedra, pois não passa de uma poça rasa. E sim, eu mergulhei de cabeça no raso...

“Quem é você, Alasca?” é narrado por Miles, nosso personagem principal, ou quase isso. A história do nosso protagonista não é muito complexa, ele é um nerd que não possui amigos de verdade e têm uma vida pouco interessante morando com os pais. Mas há algo peculiar nesse garoto, Miles Halter coleciona últimas palavras de pessoas importantes. Não importa se são ex-presidentes, artistas ou autores renomados, como também pouco importa as suas obras ou feitos, as bibliografias são seu único interesse. Entre muitas últimas palavras que leu, as de François Rabelais lhe chamou a atenção: “Saio em busca de um Grande Talvez”. O que é uma frase um tanto estranha para quem está prestes a encarar a morte. Motivado por tais palavras, Miles decide mudar de escola a procura do seu próprio Grande Talvez, sem precisar que a morte venha busca-lo. E é esta busca que guia a história.

No colégio interno de Culver Creek, logo em seu primeiro dia, Miles conhece seu colega de quarto e futuro amigo, Chip Martin que tem uma personalidade forte e autoritária, o que faz jus a seu apelido de Coronel. Aquele veterano o ensinaria a sobreviver na escola, mas antes de qualquer coisa apelida Miles de Gordo. O que é uma grande ironia, já que o garoto não passe de um magrelo de shorts largos. Juntos os dois aprenderem na prática o significado da palavra lealdade, sendo provados em situações que nem sempre conseguem entender, mas ainda assim ambos se mantêm firmes e unidos.

“Gordo”, o Coronel disse. “Porque você é magricela. Isso se chama ironia, Gordo. Já ouviu falar? Agora vamos arranjar uns cigarros para começar o ano com o pé direito.”

Ele saiu do quarto, novamente supondo que eu o seguiria, e dessa vez eu o segui. Felizmente, o sol estava baixando no horizonte. Passamos por cinco portas até chegarmos ao Quarto 48, Um quadro-branco tinha sido grudado na porta com fita adesiva. Nele se liam as seguintes palavras em tinta azul: Alasca tem quarto só pra ela!

O Coronel me explicou que (1) aquele era o quarto da Alasca, que (2) a garota que dividia o quarto com ela tinha sido expulsa no final do semestre anterior e que (3) Alasca tinha cigarros, embora o Coronel não tivesse se dado ao trabalho de perguntar se (4) eu fumava, o que (5) não era o caso.

Miles era o personagem principal, ou quase isso, lembram? Alasca protagoniza grande parte da história, apesar de não ser a narradora ou nada assim. Ela é garota pela qual Gordo se apaixona, tornando-se a pivô dos acontecimentos daquele ponto em diante. Divertida, animada e perspicaz, Alasca preenche o enredo com suas ideias, tramas e loucuras. Apaixonada por livros ao ponto de possuir pilhas e mais pilhas entulhadas em seu quarto – batizados por Alasca como a “Biblioteca da Minha Vida” – mesmo que não tenha lido todos. A misteriosa garota também possui uma frase que guia a sua vida. “Como sairei deste labirinto?” por Simón Bolívar no livro O general no seu labirinto. E está é mais uma dúvida que paira sobre a cabeça de Miles... “O que é o labirinto?” Afinal, não se pode escapar de algo que nem mesmo sabemos o que é. Alasca tem tudo para ser uma personagem interessante, porém um segundo ela é encantadora, mas no instante seguinte consegue ser arrogante, indiferente e cruel. Sua instabilidade abala a todos, inclusive o leitor. Uma hora você ama Alasca, na outra você a odeia.
“Sabe quem você ama, Gordo? Você ama a garota que faz você rir, que vê filmes pornográficos e bebe com você. Mas não a garota triste, mal-humorada, maluca.”
E ela tinha razão.
– página 98
 

Juntos formam um trio imbatível – o Gordo, Alasca e o Coronel – as diferenças entre eles, mesmo que muitas vezes discrepante, não conseguem afasta-los. Um convívio de amor e ódio eterno. Só que eu esperava muito mais que apenas um simples romance sobre três amigos do ensino médio que não tinham nada muito interessante pra fazer, por isso estudavam e vez ou outra vadiavam, bebendo, fumando e aprontando. A história que começou morna, esfriou com o tempo... porém em um determinado ponto, tudo deixou de ser monótono, mas não de uma hora para outra. As coisas evoluíram e ganharam rumo, enfim o enredo passou a envolver, ao invés de só empurrar o leitor para frente. As minhas expectativas foram todas frustradas nas primeiras 60/70 páginas e foi então que percebi que havia mergulhado de cabeça cedo demais, porque antes precisava dar alguns passos história adentro para encontrar o grandioso, profundo e principalmente misterioso oceano de “Quem é você, Alasca?”.

          (...)Eu queria tanto me deitar ao lado dela, envolve-la nos meus braços e adormecer. Não queria transar, como nos filmes. Nem mesmo fazer amor. Só queria dormir com ela, no sentindo mais inocente da palavra. Mas eu não tinha coragem. Ela tinha namorado. Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então voltei para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu era garoa e ela, um furação. – página 91
   



“Quem é você, Alasca?” é uma história dividida em duas partes, antes e depois, onde se faz uma contagem regressiva começando com cento e trinta e seis dias antes até chegar ao clímax e prosseguir em uma contagem crescente com o dia seguinte. O grande mistério toma forma no último dia, e foi então que percebi que antes é preciso prepara o leitor para aquilo que está por vir. Tudo se torna enigmático, intrigante e um tanto nostálgico. Impossível não se prender a história em busca do Grande Talvez e de como sair do Labirinto. Não posso ir além destes comentários, afinal cabe a você desvendar esse mistério.



  “O labirinto é uma droga, mas eu o escolho.” – página 222.    


Leia e responda se puder: “Quem é você, Alasca?”





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