sábado, 21 de setembro de 2013

Batman- Asilo Arkham: uma séria casa em um sério mundo




Sinopse: Asilo Arkham: Uma séria casa em um sério mundo é um impactante conto de horror psicológico protagonizado por Batman e praticamente todos os internos do Asilo Arkham, o lar dos criminosos insanos de Gotham. Liderados pelo Coringa, esses pacientes  - Duas-Caras, Chapeleiro Louco, Crocodilo, Cara de Barro, Espantalho e muitos outros – dominam as dependências do lugar e tomam como reféns seus empregados. Eles pretendem libertar os pobres funcionários, mas somente se uma condição for cumprida: O Homem-Morcego deve se entregar... e se tornar um deles!

Roteiro: Grant Morrison
Arte: Dave McKean
Número de Páginas:  216
Editora: DC Comics - Panini Books




Pitacos da Gibiteria: 

Falar sobre qualquer história que envolva o Batman diria que é, no mínimo, suspeito embora eu continue afirmando que não gosto do Batman mas sim dos vilões. Quanto à arte do Dave McKean, mais suspeito ainda. Venho acompanhando o trabalho dele e o acho indecentemente genial e nesta graphic novel não seria diferente.

Em Asilo Arkham encontramos a arte do McKean com múltiplas técnicas de ilustração e colagem além de toda a sua expressividade. Muita expressividade! Se tratando do roteiro, Grant Morrison não deixa a desejar, traz uma história carregada de horror, medo, loucura, simbolismos e várias referências.




Toda a trama começa quando o Batman é informado que o Asilo Arkham esta sobre o controle dos internos, chefiados pelo Coringa e este o faz uma exigência: quer o Batman junto com eles e então ter a oportunidade de provar que o Morcego é tão louco quanto todos os vilões. Paralelamente, é narrada a história do Asilo pelo diário do Amadeus Arkham, o fundador.


“Durante o longo período da doença de minha mãe, a casa sempre parecia tão vasta, tão REAL, que, em comparação, eu me sentia um FANTASMA assombrando seus corredores.  Vagamente consciente de que algo podia existir além daquelas melancólicas paredes. Até aquela noite em 1901, quando vislumbrei aquele OUTRO mundo. O mundo no lado negro.”  - Amadeus Arkham.


Batman, cedendo ao pedido do Coringa, comparece na mansão e a partir de então é submetido a alguns testes, que acabam deixando-o afetado. Uma das grandes falhas começa justamente a partir deste momento em diante. Temos um Batman amedrontado e fragilizado diante de seus inimigos mesmo conhecendo todas as suas técnicas e estratégias psicológicas.


Medo?  Batman não tem medo de nada. Sou eu. É de mim que tenho medo. Medo de que o coringa esteja certo sobre mim. Às vezes, questiono a racionalidade de minhas ações. Tenho medo de que, quando atravessar os portões do asilo... 
...Quando entrar no Arkham e as portas se fecharem atrás de mim... Eu me sinta voltando para casa.”Batman.


Outra grande falha, para mim a mais grave, se trata da edição brasileira. O letreiro digital comprometeu toda a expressividade da arte do McKean. E mais, se tratando especificamente dos diálogos do Coringa, a leitura chega a se tornar ilegível. Desabafo: tentem imaginar o quanto foi incômodo para uma pessoa com alta miopia ler esta hq durante a noite com um letreiro indecifrável. Isso tornou toda a leitura cansativa e estressante. Em determinados momentos pensei em interromper a leitura e desistir.

Edição Panini: letreiro relacionado ao diálogo do Coringa.

Apesar das falhas já citadas acima, indicaria esta leitura principalmente para os fãs do Morcego. O conjunto da obra é simplesmente admirável. Há um equilíbrio absurdo entre as ilustrações e o roteiro tornando toda a atmosfera mais sombria ainda. Encontramos também uma forte referência ao livro Alice no país das Maravilhas, do Lewis Carroll, onde temos o encontro do Batman com o Chapeleiro Louco nos remetendo uma possível versão de horror do conto infantil.

Por fim, a explicação do que é o Asilo Arkham,  quem foi o podre Amadeus e quais situações e caminhos o levaram para o mundo da loucura. A partir de então, conseguimos compreender toda a complexidade e psicologia não apenas do Arkham e seus internos mas do próprio roteiro mostrando-nos que cada um dos vilões residentes daquele local representa nossos demônios internos e que precisam ser encarados.



“E eu volto às minhas perambulações rituais. Meus movimentos pela casa se tornaram tão formais quanto um balé, e sinto que sou agora parte essencial de algum processo biológico incompreensível. A casa é um organismo faminto por loucura. É o labirinto que sonha.  E eu estou PERDIDO.” - Amadeus


Nenhum comentário:

Postar um comentário