quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Daytripper - por Fábio Moon e Gabriel Bá




Sinopse:

Conheça Brás de Oliveira Domingos. Milagroso filho de um mundialmente famoso escritor brasileiro, Brás passa os dias escrevendo obituários e as noites sonhando em se tornar um autor de sucesso – ele escreve o fim da história de outras pessoas enquanto a sua própria mal começou. 

Mas, no dia que sua vida começar, ele será capaz de perceber? Ela começará aos 21, quando ele conhece a garota dos seus sonhos? Ou aos 11, quando dá seu primeiro beijo? É mais adiante na vida, quando seu primeiro filho nasce? Ou antes, quando pode ter encontrado a sua voz como escritor? Cada dia na vida de Brás é como a página de um livro. 

Cada um deles revela as pessoas e coisas que o fizeram ser quem é: sua mãe e seu pai, seu filho e seu melhor amigo, seu primeiro amor e o amor da sua vida. E, como em todas as grandes histórias, seus dias têm uma reviravolta que ele nunca antecipou.


Título: Daytripper
Número de Páginas: 250
Autores/Artistas: Fábio Moon e Gabriel Bá
Cores: Dave Stewart
Editora: Vertigo – Panini Books 

 


Eu li, se você não...

Daytripper é um quadrinho que se equilibra na corda-bamba entre a vida e a morte, onde todos os dias podem ser o último de Brás de Oliveira Domingos. Uma história envolvente, com traços tão marcantes que muitas vezes dispensa palavras e o silêncio de uma cena fala por si só. Mas por outro lado, nenhuma linha é escrita apenas para compor as páginas de belas imagens. Os criadores desta obra conseguiram uma combinação fascinante e surpreendente que transborda sentimento como não via faz tempo.

A história é composta por 10 capítulos onde cada um deles representa uma fase da vida de Brás, porém não há ordem cronológica. Hora nosso protagonista tem 32 anos e escreve o obituário de um jornal qualquer, enquanto seu pai recebe prêmios por ser um autor renomado no dia do esquecido aniversário de seu filho. No próximo capítulo ele pode ter apenas 11 anos, brincar de pega-pega com os primos, aproveitar a família e conhecer o gosto do primeiro beijo. Mas então no capítulo seguinte Brás tem 21 anos e está em Salvador com o seu melhor amigo aproveitando o mar e os encantos de uma misteriosa mulher. Essa história não é como um rio, que segue apenas um curso, sem nunca poder voltar a sua nascente. Brás renasce a cada nova experiência, mas para nascer de novo, primeiro é preciso morrer. 

“As pessoas morrem todos os dias. Este foi o pensamento mais reconfortante que Brás teve enquanto todos os obituários que escrevera para o jornal passavam diante de seus olhos. Ele acabou de perceber que, mesmo quando não está escrevendo sobre isso... as pessoas vão continuar morrendo. Não é engraçado como as pessoas esquecem do trabalho assim que encerram o expediente? Não é estranho como parece que nós sempre lembramos das coisas mais triviais do nosso cotidiano e acabamos esquecendo das mais importantes?” 

 Sim, o nosso protagonista morre... e algumas vezes. O impacto da morte pode ser perturbador no começo, chegando a confundi o leitor que está acostumado com a velha história de “o mocinho não pode morrer nunca”. Daytripper prova que os mocinhos podem sim morrer! E ainda vai além... afinal, por que partir uma única vez quando esbarramos com a morte todos os dias? Porém a morte não é o ponto final dessa história, ela é o ponto de interrogação sobre como vivemos nossas vidas.

“Eu queria escrever sobra a vida, Jorge, e olha pra mim agora... eu só escrevo sobre a morte.” 


Os dias de Brás não são perfeitos e é isso que o torna um personagem tão humano. Ele poderia ser o seu vizinho, um amigo, talvez teu parente, ou um pouco mais que isso... ele poderia ser você. Daytripper expõe em suas páginas a rotina de todos nós: O acordar cedo e tomar um café pra poder começar o dia. Ir trabalhar mesmo que aquele não seja o emprego dos sonhos. Ficar de papo-furado com seu melhor-amigo quando o dia está um tédio. Estar com alguém que acreditamos ser o amor da nossa vida, mas nunca sabemos se realmente é. Essa é a vida de Brás e com certeza parte da tua. A história faz você se sentir em casa, não apenas pelas semelhanças do dia-a-dia, mas também por ser um quadrinho que se passa não em Nova Iorque, Londres ou Paris – nada contra nenhum desses lugares, na verdade admiro cada um dos que citei – entretanto, vai ler sobre o Rio de Janeiro, Salvador e irá se reconhecer na cultura e no ‘jeitinho’ brasileiro de ser. Na minha opinião, os autores foram capazes de criar um laço incrível entre o personagem e o leitor, mesclando fantasia e realidade ao ponto do limite entre elas desaparecer. 


Daytripper não é um relato de como Brás poderia ter morrido, mas sim dos momentos –simples e grandiosos – que ele viveu. Essa história com certeza irá fazer com que coloque na balança o peso do quanto tem aproveitado todos os dias, ou o quanto tem deixado passar sem perceber que justo aquele poderia ser o momento que talvez te marcasse pra sempre.



 “A vida é feita desses momentos, filho. Os relacionamentos se baseiam nesses momentos, nessas escolhas, nesses atos... e é esse momento que vou levar comigo depois que todos desaparecerem – o que vai fazer todos os outros valerem a pena.” 



E se depois de tudo isso ainda têm alguma dúvida, vou sana-la agora. 
Eu li, se você não... Leia! 

Um comentário:

  1. Achei legal a ideia da história nos levar a refletir sobre o que temos feito em nossas vidas e o que vamos deixar pra trás. Tanta besteira por aí seria evitada se esse simples pensamento viesse à tona de vez enquando. Parabéns pelo post.

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