segunda-feira, 30 de setembro de 2013

"Feios" de Scott Westerfeld

Capa do livro na Edição Brasileira.



Sinopse:


Tally está prestes a completar 16 anos, e ela mal pode esperar. Não por sua carteira de motorista – mas para se tornar bonita. No mundo de Tally, seu aniversário de 16 anos traz uma operação que torna você de uma horripilante pessoa feia para uma maravilhosa pessoa linda e te leva para um paraíso de alta tecnologia onde seu único trabalho é se divertir muito. Em apenas algumas semanas Tally estará lá. Mas a nova amiga de Tally, Shay, não tem certeza se ela quer ser bonita. Ela prefere arriscar sua vida do lado de fora. Quando ela foge, Tally aprende sobre um lado totalmente novo do mundo dos bonitos – que não é tão bonito assim. As autoridades oferecem a Tally sua pior escolha: encontrar sua amiga e a entregar, ou nunca se transformar em uma pessoa bonita. A escolha de Tally faz sua vida mudar pra sempre.



Título: Feios (livro 1)
ISBN: 978-85-01-08370-8
Número de Páginas: 415
Autor: Scott Westerfeld
Editora Galera Record





Lendo nas entrelinhas:

- Qual o problema com as pessoas hoje em dia? – A garota tinha 13 anos e já se fazia perguntas do tipo: sou uma psicóloga analisando o mundo a minha volta.
- Não seja tão rígida consigo mesma, querida. – Sua mãe tinha a notória impressão que a menina ia ter, a qualquer momento, um ataque depressivo.
- Mãe, todos ao meu redor querem que eu seja e haja como uma modelo de manequim sem inteligência. Esquecem que eu tenho sentimentos.

Uma conversa típica, não acha? Poderia ser entre pai e filho ou entre amigas de 30 anos. O fato é que sempre começa com a razão do mundo achar você feio, o “feio” pode ser também em relação as suas escolhas. Acontece que somos analisados e reagimos pelo o que as pessoas pensam sobre a gente. Não nos damos conta de que ser você mesma, agir segundo sua própria consciência não afetada é ser normal. E ser normal é não ser perfeito. E é isso que o mundo não espera.

Falando em perfeição. Eis que surge um ótimo livro sobre o assunto, "Feios" de Scott Westerfeld, lançado pela Editora Galera Record. Este Bestseller não só fala sobre a tirania da beleza, como também decodifica esse desejo do ser humano por alcançar um perfil inabalado de estética. Cirurgias plásticas, paradigmas estéticos, crises autodepreciativas, entre outros temas emergem no enredo. O autor traz para o leitor um ambiente futurista e enigmático, em que os jovens ao completar 16 anos ganham um “presente” do governo: uma cirurgia plástica. Ser perfeito é quesito para ser aceito em Nova Perfeição, cidade em que se passa parte da história. Tally, protagonista, está prestes há completar 16 anos e não vê a hora disso acontecer para deixar de ser feia e se tornar uma jovem perfeita em folha. Ser normal é ser feia nessa sociedade.


"Na escola, tinham ensinado como aquilo afetava as pessoas. Não importava se você sabia alguma coisa sobre evolução - ainda assim funcionava. Em todo o mundo. 
Havia um tipo de beleza, um encanto que todos viam. Olhos grandes e lábios grossos, como crianças; pele sedosa e brilhante; traços simétricos; e milhares de outras pistas. Em algum lugar no fundo de suas mentes, as pessoas buscavam esses sinais permanentemente. Ninguém podia evitar notá-los, qualquer que fosse sua criação. um milhão de anos de evolução haviam tornado aquilo parte do cérebro humano.
Os grandes olhos e lábios diziam: sou jovem e vulnerável, não posso machucá-lo e você quer me proteger. O resto dizia: sou saudável, não vou deixá-lo doente. E, não importava como se sentia em relação a um perfeito, uma parte de você sempre pensava: Se tivermos filhos juntos, eles também serão saudáveis. Eu quero essa pessoa perfeita..." (p.20).


O que não está longe da nossa realidade, já que muitos jovens se espelham em exemplos de modelos estéticos e padrões de beleza inalcançados. O resultado é uma doença física aqui (anorexia) e outra psicológica ali (depressão). E esquecem que existem muitas coisas por trás da “perfeição” e que as pessoas podem sim viver com padrões “normais” ou “feios” como diz no livro. 


"Os rostos feios eram sempre assimétricos: um lado nunca correspondia ao outro. Por isso, a primeira providência do software de criação de morfos era pegar um lado e duplicá-lo, como se fosse um espelho, para obter dois exemplos de simetria perfeita. A verdade é que as duas versões dimétricas de Shay já pareciam melhores do que a original. 
- Então, Shay, qual você acha que é seu melhor lado? 
- Por que tenho de ser simétrica? Prefiro um rosto com lados diferentes." (p.45). 


Já li todos os livros da série, sim essa é mais uma trilogia (Feios, Perfeitos e Especiais), que também inclui um quarto livro chamado Extras. E acredito que a obra é mais que um romance futurista de ficção científica, ele tenta abrir a mente do leitor para além da visão capitalista e estética da nossa sociedade. Na história, há poucos meses de se tornar perfeita, a protagonista Tally conhece Shay, uma "feia" que não quer ser perfeita, desafiando o modo de vida em Nova Perfeição e, principalmente, tudo o que isso representa para esta sociedade futurista. Tally e Shay se tornam amigas, embora tenham pensamentos muito diferentes sobre a operação cirúrgica. Tally não vê a hora de se tornar perfeita e se juntar a seu melhor amigo Peris na cidade. Enquanto Shay articula uma maneira de fugir deste destino. Durantes os três meses que separam as duas da data marcada para a operação que tornará ambas perfeitas, as amigas se aventuram pelas profundezas da floresta ao redor de Nova Perfeição e descobrem rumores de uma comunidade inteiramente isolada de todas as imposições de beleza e estética da cidade para os "perfeitos".


"- Não é culpa dela, Sol - disse Tally. - Ela só não queria se tornar perfeita.
-  Então ela é uma pensadora independente. Ótimo. Só que devia ter o bom senso de não arrastar outra pessoa para o buraco com ela.
- Ela não me arrastou a lugar algum. Estou bem aqui. - Tally olhou pela janela para a paisagem familiar de Nova Perfeição. - Onde, pelo visto, vou ficar para sempre.
- Bem... - voltou a falar Ellie. - Eles disseram que assim que você decidir ajudá-los a encontrar essa Shay, tudo poderá prosseguir normalmente." - (p.116)
A vida de Tally muda drasticamente quando sua amiga, Shay, ao descobrir uma forma de fugir desse mundo perfeito, parte em busca do Acampamento da Fumaça - lugar no meio da selva que abriga um grupo de rebeldes que são contrários as cirurgias plásticas. Então, justo no dia mais importante de sua vida - quando estava prestes a ser operada e ter o rosto que sempre sonhou -, Tally é obrigada a fazer uma escolha muito difícil para ajudar a Dra. Cable do Circunstâncias Especiais - equipe do governo que trata apenas de assuntos especiais de proteção aos habitantes de Nova Perfeição. Ou Tally sai em busca da amiga e, assim, informar o paradeiro dos rebeldes ao governo; ou a moça será impedida de fazer a cirurgia e nunca se tornará perfeita. 

"Ir a qualquer lugar era uma absoluta tortura. Os feios do seu dormitório tratavam-na como uma doença ambulante, e todo mundo que a reconhecia acabava perguntando: 'Por que você não virou perfeita ainda?' Era estranho. Era feia havia quatro anos, mais aqueles poucos dias adicionais tinham deixado claro o real significado da palavra." - (p.120)

Não suportando toda a pressão imposta pela Dra. Cable e pela humilhação de ser feia, Tally é obrigada a partir em uma jornada que mudará a vida dos esfumaçados e, mais do que isso, mudará a sua concepção de mundo. Toda a jornada até o Acampamento da Fumança e o pouco tempo em que Tally passará com os rebeldes levará a jovem a refletir sobre o real significado das cirurgias plásticas e como isso afeta a personalidade das pessoas. Pois há um mistério por detrás desse mundo perfeito e manipulador, um segredo obscuro. Para mim, com a leitura desse livro, percebi que ser perfeito não é o bastante. A verdade é que ser perfeito deve significar não só uma aparência física impecável, como também uma mente saudável. Se não, qual o benefício da beleza em virtude de uma consciência abalada? Pense no assunto. É só uma questão de amadurecer a sua visão do mundo e perceber que ser normal é ser feliz consigo mesmo. Em breve, eu trarei a resenha dos outros livros da série. Espero que tenham gostado, pois eu amei a leitura. E recomendo! 




Abaixo vocês podem conferir uma série das capas do livro ao redor do mundo.


Capas americanas (1º e 2º Edições).



Capa da Inglaterra e de Portugal.



Capas da Sérvia e Republica Tcheca.



Capas iguais na Alemanha e Lituânia.



Capas da China e do Japão.



Capas da Indonésia e Itália.



PS: Confesso que amei a capa brasileira e também a capa da Alemanha. E vocês, o que acharam das capas? E qual mais gostaram?

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